Hoje NÃO é o Dia da mulher

Uma das aulas mais interessantes que darei esse semestre é a que trata sobre o feminismo. Nunca gostei dessa palavra e nunca quis me associar à ela. Como nunca achei a mulher melhor em nada que o homem (nem pior, diga-se de passagem), me mantive distante também das feministas. Como se fosse possivel ser mulher e não ser feminista, bobinha. Essa nova aula tirou do meu imaginario um monte de pré-conceitos e colocou no lugar deles uma realidade que a gente vive todos os dias e não vê. Ou finge que não vê. Os 120 minutos que passo espremida na sala de aula me fazem pensar em assuntos que nunca receberam muito a minha atenção. Percebi, por exemplo, que quase todas as minhas amigas são machistas, inclusive as que acham que não são.
Dai eu chego em casa, tiro os sapatos e me deito no sofa. Enquanto viajo nos meus questionamentos, ouço um barulho de agua corrente vindo da cozinha,. meu marido, lavando a louça que eu não tive tempo de lavar depois de tomar o meu café. Sem eu precisar pedir. Também é ele quem faz as compras as vezes. E mais: além de não deixar faltar o meu pão integral de todas as manhãs, (aos sabados e domingos o cardapio muda e eu tenho direito a suco de laranja com pão na chapa, ). Às sextas, ele me traz flores. Toda sexta-feira. Doze anos de casados.
Impossivel não pensar nas colegas de classe que chegam em casa e encontram os homens, seja o pai, o marido ou um namorado. Homens que, provavelmente, vão lhes dar flores ou parabéns nesse 8 de março, um dia do calendario dedicado à luta das mulheres, que os homens conseguiram encher de machismo, como, alias, acontece nos outros 364 dias do ano. E a gente vai na onda, aceitando os parabéns, se contentando com as flores. Tão facil dizer que os homens precisam aprender, de uma vez por todas, qual o papel da mulher na sociedade. Dificil é entender que essa lição precisa ser absorvida, antes de mais nada, pelas proprias mulheres. Homens machistas são paridos e educados por mulheres, não esqueça.
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